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Eram quase três da manhã e o silêncio da casa só era interrompido pelo zumbido da ventoinha do meu portátil velho. Sabem aquelas noites em que não conseguimos dormir porque a mente não para de rever erros estúpidos? Pois, era uma dessas. Eu tinha tido uma semana horrível no trabalho e, para piorar, tinha perdido cerca de 100 USD numa sessão de jogo desastrosa dois dias antes. Estava frustrado. Será que devo tentar recuperar ou vou apenas cavar um buraco mais fundo? A dúvida consumia-me, mas a adrenalina falava mais alto. Decidi que ia fazer uma última tentativa, uma daquelas que ou nos salvam ou nos afundam de vez. Abri o navegador e fiz login no casino Coolzino, que é onde costumo jogar ultimamente porque os levantamentos são rápidos e a interface não me dá dores de cabeça.
O meu saldo era ridículo: 45 USD. Para muitos, isso é dinheiro de trocos, mas para mim, naquele momento, representava a minha dignidade de jogador. Comecei devagar, nas slots, rodando a 0,50 USD. Nada. O saldo descia lentamente, como areia numa ampulheta. 30 USD. 20 USD. 12 USD. Sentia aquele aperto no estômago, aquela mistura tóxica de arrependimento e teimosia. Eu estava prestes a fechar a aba e aceitar a derrota quando decidi mudar de estratégia. Saí das slots e fui para a roleta ao vivo. Olhei para o ecrã, para o dealer com cara de tédio a girar a bola, e pensei: "Que se lixe". Coloquei os meus últimos 12 USD num único número: 17 Preto. O meu número da sorte.
O momento em que a respiração parou
A bola girou e girou. O som daquela pequena esfera branca a saltitar entre os compartimentos de metal parecia um trovão nos meus auscultadores. Eu nem piscava. Quando a bola começou a perder velocidade, o meu coração estava a bater tão depressa que parecia que ia sair pela boca. Ela bateu no 2, saltou para o 25 e, num movimento quase em câmara lenta, aninhou-se suavemente no 17. Eu congelei. Não gritei, não pulei. Apenas fiquei a olhar para o ecrã enquanto o sistema calculava o pagamento. De 12 USD para 432 USD num piscar de olhos. Foi uma sensação elétrica, como se tivesse levado um choque de realidade positiva.
Mas a loucura não parou aí. Com 400 e tal dólares na conta, senti-me invencível, o que é perigoso. Em vez de levantar logo o dinheiro, fui para o Blackjack. Agora ou nunca, pensei. Joguei três mãos agressivas de 100 USD cada. Perdi a primeira. Ganhei a segunda com um Blackjack natural. Na terceira, dobrei a aposta num 11 contra um 6 do dealer. Recebi um Rei. 21. O dealer rebentou. Saí daquela sessão com quase 800 USD. Fechei o portátil imediatamente. Fiquei ali sentado no escuro, a tremer ligeiramente, a tentar processar que tinha transformado os últimos trocos de uma semana má num lucro considerável. Foi a melhor noite de insónia da minha vida.
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